A propósito deste texto da Moura Aveirense e dos comentários de algumas pessoas que conheço e que de vez em quando me brindam com este tipo de conversa... Gosto especialmente daquelas pessoas que insistem em dizer que aqui ou acolá (aqui o mais importante nem é a terra de se se trata) não se passa nada, é uma terriola que é um degredo, e não sei o que mais. Depois, vai-se a ver e pergunta-se se foram ver a exposição tal e tal que até está na dita terriola, ou o concerto XPTO no teatro da terrinha, ou outras coisas que tais, e a resposta é: ah e tal não, não, não... Mas não se passa nada... Ora gaitinha... Ou a noção do não se passa nada é muito diferente da minha ou é pura vontade de dizer mal. Sempre ouvi dizer que quem está mal muda-se, e quem está por opção que se resigne à opção, e ainda quem quer fazer coisas procura-as, não está à espera que entrem pelos olhos a dentro no conforto do seu larzinho, não é?? Tenho dito! É que não posso ouvir este tipo de conversa, tira-me do sério...
Só há poucos dias comprei agenda para 2010...Costumo ser adiantada nestas coisa, mas este ano, a coisa foi sendo sucessivamente adiada, adiada... E já estava a fazer falta!! Ora nesta agendita que comprei, cada mês abre com um texto e respectiva fotografia do autor, e como gostei particularmente do texto de Janeiro, achei por bem partilhar!
"escrevo-te a sentir tudo isto e num instante de maior lucidez poderia ser o rio as cabras escondendo o delicado tilintar dos guizos nos sais de prata da fotografia poderia erguer-me como o castanheiro dos contos sussurrados junto ao fogo e deambular trémulo com as aves ou acompanhar a sulfúrica borboleta revelando-se na saliva dos lábios poderia imitar aquele pastor ou confundir-me com o sonho de cidade que a pouco e pouco morde a sua imobilidade
habito neste país de água por engano são-me necessárias imagens radiografias de ossos rostos desfocados mãos sobre corpos impressos no papel e nos espelhos repara nada mais possuo a não ser este recado que hoje segue manchado de finos bagos de romã repara como o coração de papel amareleceu no esquecimento de te amar"